
Tem sido doída essa brincadeira de existir. Acho-me sempre à beira, no limiar que não revela nenhum precipício e amargo o medo de amar o cume, armando ali a minha tenda, a minha perenidade. Quero me jogar de algum nono andar, não para morrer, não para me matar, mas para buscar quem sabe a lua, onde festejarei com Ismália, quem sabe a mim mesmo, onde me farei Narciso. Ora, é também no teclado que me jogo para a queda. Vezes, flutuo de um guarda-chuva encantado, vezes me caio e machuco todo, mas se salto de teclado, no fim das contas, sempre levanto pronto a voar de novo. O problema está quando eu me jogo na vida, daí, tenho sempre de correr para o teclado, este cruz vermelha de todas as guerras. Nele encontro morfina, nele há asilo, anistia e paz, de espírito, de ânimo, paz de mim.
No teclado, as coisas tomam o rumo que eu gostaria que elas tivessem tomado; é que eu me escondo nas palavras, ora as emparelho lindas, de suaves trincheiras; ora digo que são elas as culpadas que nem sabem dar conta de mim e nem sempre me quero exposto em rimas, contido em períodos, engessado em parágrafos. Vezes, quero fluxos de uma consciência fugidia, maldita, que insiste em ser ferina, que insiste em esperanças. Mas quanto a tudo isso, é sempre no teclado que eu vou chorar minha pitangas...
Um comentário:
Só pra tirar o peso do "nenhum comentário"... :)
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