sábado, 13 de outubro de 2012

Ato Institucional - Nº Cor de Rosa


É proibido sofrer de amor não correspondido! 





Doravante, o tal câncer nos ossos deve ser visto com agrado. Deve ser pulado tal qual a efemeridade de um carnaval vagabundo, que festeja, ali mesmo na sarjeta enlameada, e pula maculando o branco do AllStar.

Porque amar, apesar de transitiva, é uma ação que pode encerrar-se em si mesma. Pode bradar a própria alegria ainda que no meio do escuro. Uma vez tomado o veneno cor de rosa, o corpo que se fere de tal enfermidade se glorifica na pena, regozija-se na dor e descobre que o mal que lhe tortura é, na verdade, a novíssima glória de seus dias.

Parem de exaltar a dor do amor, de dizer que fere e que dói. E virem para o outro lado, para o lado da leveza, para o lado do sorriso que a gente esconde de banda porque toda a felicidade nos corre as veias impunemente.

No fim das contas, amar deve ser feliz só porque assim é e ponto final. Ou você vai dizer que trocaria os suspiros que tem dado pelos dias de tédio e assistir TV sem nem ter um perfil que fuxicar com frequência no FaceBook? Prefere toda a paz e segurança de antes a cada devaneio que alimentou de estar ao lado do objeto?

Sofrer de amor é vida. É sentir-se aqui e ter vontade de seguir adiante. Sentir e não só levantar zumbi de manhã e seguir maquinalmente em tarefa atrás de tarefa. É tarefa, suspiro, tarefa, sorriso, tarefa, novela, devaneio e mais um suspiro e mais outra tarefa. Ora, que amar é uma festa. Ainda que de desaniversário.

Então, é proibido sofrer de amor não correspondido!

Para que nunca mais mudemos de calçada quando uma flor aparecer. Para que ainda queiramos ser o pão e a comida. Para que ainda precisemos dizer que “te amo”, ganhar e perder, venha o que vier. Para que ainda sigamos livres em cuidar que se ganha em se perder.

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