quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ontem


Eu chorava quando me machucava. Ontem eu fechava os olhos em frente a um cemitério. Ontem eu sabia correr sem me achar ridículo. Ontem nada era ridículo. Ontem eu arrebentava meus chinelos. Suava sem nenhum preconceito. Fazia xixi na cama. Ontem eu queria ser o “primeiro a escolher o que ‘cê quer da vida!”. Ontem eu ainda sabia pedir desculpas. Eu não conseguia acompanhar as legendas nos filmes. Ontem eu era mais feliz. Eu não sabia que veria tanto. E também não sabia que mesmo vendo tanto, não teria visto muito. Ontem eu tinha medo mortal de morrer. Ontem jogar Super Mario com o Yannes era coisa muito importante. Ontem falar na língua do “K” com a Tatyany era coisa quase religiosa. Ontem Deus me era uma certeza. Ontem eu tinha mais juízo. Ontem era só a Sandy. Ontem não será mais hoje. Talvez, aos vinte, se comece a sentir o peso do Romantismo: muito longe da aurora e já bem perto do se pôr... Ao Yannes e à Taty eu digo um “oi” desconjuntado, e é tudo o que dá para fazer. Sinto a nostalgia, a tal da saudade inexplicável daquilo que ainda não vi e daquilo que os anos não trazem mais. Ontem ficou para traz: como tudo foi ficando, fica ainda e ficará logo, logo e já está ficando de novo.