domingo, 4 de maio de 2008

A marca de muitas lágrimas

 Desta vez, me coloco na berlinda, humanizo-me. Mostro minha alma. Não penso no coletivo, agora. Estou sendo liberal, pensando só em mim, não absolutamente: há uma segunda pessoa.

Minha mãe estava ouvindo um cd da Nana Cayme quando eu acordei e fiquei na sala,
sentado. E a Nana cantou: “Aconteceu um novo amor, que não podia acontecer...” Meus olhos encheram de lágrimas e meu coração se viu atormentado. Minha mente lembrou do algo que eu estava querendo evitar. Comigo não foi um “novo amor”, mas um outro velho, não vivido e que foi renovado. Estava adormecido e acordou, como urso na primavera. Olhos que se cruzaram num instante muito breve; e a saudade que há muito fora guardada fez-se amor de novo.

Os mesmos tremores, o coração acelerado, a cara de abobalhado e a euforia de um
adolescente de 12, 13, 14, 15 e 16 anos. Todos que amam ficam assim, ou, pelo menos, deveria ficar.

Um dia me chegou uma notícia muito cruel, uma transferência na empresa de seu pai
afastou de mim o amor de minha vida. Empresa desgraçada! E pior é que o mundo inteiro a conhece, meu avô era funcionário dela e primos meus se enveredaram por ela. Até eu já pensei nela. E eu, que sempre estive em silêncio, permaneci calado. Vi partir a minha alegria. Vi ir embora o meu Sol. O eu-lírico de “Ilusão” de Sandy e Júnior” pode ser facilmente ligado a mim” Foi embora pro extremo sul do país e comigo guardei meu sentimento, arraigado! Firme em meu peito, minha mente, em mim. Nunca te esqueci! Ainda te guardo!

Muita coisa aconteceu, muita mesmo! Vivi, descobri, contei, confessei, segui, perdi, ganhei, fui e voltei, aceitei, converti, desconverti, continuo vivendo e ainda há em mim, pedaços de Sol. Mesmo quando entrei numa de tentar mudar os possíveis objetos do meu amor, o sol me iluminava. Fiz tudo isso, mas continua aqui.

Eu vivo dizendo aqui, no blog, que não podemos adiar a vida. Que esta deve ser vivida
de VERDADE e, no entanto, eu mesmo não o faço. Fico sentado, observando minha vida, de camarote. Como ouvinte, receptor somente. Calo! Cristo me ensinou que a cada dia basta seu mal e que devemos viver o dia, não a semana. Aprendei com os humanistas que devemos aproveitar o dia, pois tudo vai acabar. Cecília me fez perceber que muitas vezes agimos como crianças e ficamos em dúvida sobre o que fazer, mas que não se pode fazer duas coisas ao mesmo tempo; há que se escolher entre isto ou aquilo. Escolho viver, aproveitar o dia e falar! Falar sim. Já falei coisas mais complicadas com diversas pessoas. Por que não posso falar sobre um assunto que conheço desde os meus doze anos? São três palavrinhas: Eu te amo. Simples. É só respirar e dizer. Faço isso desde que tenho dois anos. Falar! Abrir a boca, pronunciar algumas palavras. Isso não mata! Melhor falar, dar a cara. Mergulhar pra ver o que acontece (dica da tia Lya). Mesmo que eu me dê muito mau. Acaba com a dúvida e com as ilusões bestas. Ou quem sabe, não encontro a felicidade que nem mesmo o céu, o mar ou mágico chinês conhecem... Mergulharei!

Confio em Deus
! Pedi a Ele que me desse uma oportunidade, onde eu pudesse dizer o que sinto. Ele me atenderá e eu espero não amarelar! Falarei. Tenho pouca esperança, mas preciso matar uma tal de dúvida que cisma em me perseguir. E seu eu tivesse contado?

Há alguns anos, rolava pela Internet a história (ficcional) de um rapaz portador de uma doença terminal, que era apaixonado pela menina que trabalhava na loja de cd’s. Então ele ia todos os dias comprar cd e sempre pedia a menina que embrulhasse pra presente. Ela, dedicada, fazia lindos embrulhos, todos os dias. Cada dia um mais lindo que o outro. Ele nem mesmo abria os cd’s, chegava em casa e os jogava no armário. E no outro dia a mesma coisa. Um dia ele morreu. Sua mãe arrumando suas coisas encontrou vários embrulhos muito bonitos e resolveu abrir pera ver que cd’s eram aqueles. Encontrou dentro de cada embrulho um bilhete da menina, que declarava seu amor ao rapaz.

Não quero perder a oportunidade de ser feliz ainda em vida!

Obs.: A primeira foto é tirada da capa do livro "A marca de uma lágrima" do autor Pedro Bandeira. Leitura recomendada.

10 comentários:

Regis Rocha disse...

Adoro o livro. Que eu me lembre, foi o primeiro que, bem molequinho, reli e li mais algumas outras centenas de vezes. Simplesmente ótimo!
Sabe, Guilhermino, é tão bom ler um texto aqui e saber IMEDIATAMENTE do que ele se trata. Acho que é a tal da cumplicidade, afinidade, intimidade, enfim... amizade, né?
O único comentário/conselho que eu te dou aqui é ir em frente. De verdade. Se você acha mesmo que vale a pena, se você se sente preparado, ao ponto de se dizer apaixonado, e se declarar, faça-o. Abra o embrulho e busque o seu tão aguardado bilhete.
E mesmo que ele não venha a existir no embrulho em questão, um embrulho todo especial te aguarda, Gui. O negócio é o tempo, você sabe.
Abraço, PARALEEEELO! (não resisti! hehehe :P)

Regis Rocha disse...

Esqueci de um pequeno detalhe: impressionado com a novidade e a sua coragem.

Guilherme de Oliveira César disse...

Ai, amEgo, obrigado!
E "A marca de uma lágrima" também foi meu primeiro livro.
Seguirei em frente e quanto a estar certo se devo declarar meu sentimento, creio que até o próximo encontro terei tempo o suficiente para criar certezas e coragem. Mas creio que não haja mais o que pensar. São anos com isso guardado. Pode ter certeza, que se houver o bilhete no embrulho eu vou correndo comemorar contigo, um pouco depois, é claro. Mas se o embrulho estiver vazio, quero um lugar reservado no seu ombro, amigo!

Euzer Lopes disse...

Você tocou num ponto interessante: ter ATITUDE na vida.
Muitas vezes somos bons conselheiros: nossos amigos pedem ajuda, vamos lá, sugerimos as coisas mais absurdas. Eles vão, fazem, dá certo, ficam felizes e seguem sua vida.
A gente tem um problema quase inexistente, e fica sentado, chocando-o com os olhos, o problema cresce, a gente não resolve, deixa pra lá e segue a vida, carregando esse nó para o futuro.
A vida é uma ladeira: abaixo. Se ficarmos parados, seremos atropelados. Se não tomarmos uma atitude, nunca pegaremos o trem que nos levará até o destino que quisermos.

Quanto ao livro: Pedro Bandeira, um dos maiores escritores da literatura infanto-juvenil. Duvido que algum adolescente não tenha se visto em seus personagens marcantes. E todo mundo tem um pouco dos Karas!

BLOGDOED disse...

E aí velho, blza?

Cara, na boa, vou fazer um comentário sincero: Não acho que textos grandes funcionem na mídia internet, pricipalment em blog.

A internet é uma linguagem rápida e impactante.

Seu teto deve ser ótimo, mas sou um dos que se cansa ao ler um tesxto grande na tela. Adoro livros, nele procuro tetos maiores.

Desculpe a franqueza, tá?

Abração

Unknown disse...

Amigooo
Muito lindo tudo q vc escreveu, como sempre, tudo muito bem escrito...
e vc pode contar comigo tá, pra tudooo

t amo meu primeiro amigoooo

Natália Macedo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natália Macedo disse...

Bem, Gui, vamos lá. Estou te devendo este comentário já há algum tempo, né? Desculpe o atraso... Você entende os motivos!

Bom, quanto à euforia e ao coração acelerado, são, realmente, bem típicos dos doze anos em diante. Sei do que estou falando! Rsrs!

Não sabia desse seu amor. Mas, do jeito que você falou dele, deve ser bem forte mesmo.
Esta poesia em forma de prosa - alguns trechos do seu texto podem ser vistos dessa forma! - diz tudo. E muito bem dito (pra variar).

Adorei você ter citado a história (tão linda) dos embrulhos! Não sei qual é a melhor alternativa pra você: se diz o que sente, ou fica calado, como sempre esteve (pelo menos até agora). Não sei nem o que eu faria. Mas, seja como for, espero que você receba, num belo embrulho, um bom presente. E que seja feliz ainda em vida.

Torço por você, amigo.
Beijos.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

É Nenzão,cada dia que passa a coisa fica melhor.Acho que não há nada melhor que você possa fazer(assim eu com o Luzan!!?Rs)Gostei muito do texto e fico feliz de sentir os cheiros das palavras,pois sei exatamente do que você escreve a fundo(intimidade é foda).Toh com saudades,mas logo vou aparecer por ai,ou quem sabe vamos marcar para irmos naquele local que eu cai das escadas,lembra?!Rsrsrsr!!Bjsss e abraços de seu primo querido!!!