segunda-feira, 5 de novembro de 2012


O que é o amor senão um poço de ideias? Um jogo de resta um do qual você é o remanescente. Restou no fim da festa a desgrudar chicletes do tapete, catando os copos sujos, juntando os quebrados. Restou você no fim da festa, o um, aniquilado, pra quem a bagunça sobrou de limpar.

Pois que se levante!

Não faça corpo mole.




Dê-se a labuta de lavar a própria casa. Deixá-la habitável de novíssimos odores. A festa até foi boa, mas se deu trabalho organizar, mais ainda desfazê-la. Sai mais cara a emenda que as poucas horas de estrela. E você de esfregão desanimado, ora esponja bem cansada, movimenta-se em favor da novidade. Tornar a ver o chão oculto em álcool derramado, aquele que antes te deu belos pesadelos.





Pois que levantado.

Não faça corpo mole.

Tire os olhos da rota que traçaram, tire seus pés dos ares que tramaram. Tome remédios contra a dor de sua cabeça. Não ouças as músicas que sonhos embalaram. Pois do amor, poço de ideias, resta um, remanesceu você assim – pobre coitado.

E, de vagar e sem vontade, levantado,

                                                      Não faça corpo mole. Não se renda ao encantado.

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