quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Regra de Cinco ou Teorema Falho


O que vem depois da curva era o que Pocahontas queria saber. Ela tinha nos olhos a sede do desconhecido, sede de ir buscar e fazer, desbravar quanto mais fosse possível. Hei eu de questionar também da curva, mas me interessa saber o que virá quando eu te vir cruzando a sua curva. Quando suas costas forem dadas as minhas e não mais tivermos o hábito fundamental de resolvermos que decisão tomar, a que filme vamos assistir, que roupa devemos vestir, quando começaremos a nova dieta... O que haverá depois da esquina que nos separará e não nos dará mais espaço para discutirmos o futuro da humanidade, a estética literária vindoura, quando não mais for religioso nos embriagarmos com a vodka mais barata do supermercado mais pobre num dia banal e sem pretensão.

O que advirá no além curva que certamente nos tomará feito turbilhão e nos alquebrará e nos fará engolir a seco a descoberta de que o tempo todo fomos átomos e nos julgávamos tão inseparáveis, tão inquebráveis e nos vermos feitos em elétrons e prótons dispersos no moinho triunfante  que é o mundo, que há de destruir os sonhos mesquinhos, reduzindo a pó até o que se crê indivisível? 

E que curvas você vai tomar quando eu mesmo já tiver tomado tantas outras? Que novas crenças adquiridas vão fazer o favor de nos separar? Por que ideias vamos nos afundar no nosso hibridismo? E... a que distância você vai gritar por mim? E eu só preciso discernir sua voz a me chamar no meio da desgraça em que nos encontraremos, no meio da muvuca, da multidão de nossos dias, e lhe garanto um minuto de minha ausência, que será rompido com minha chegada em seu socorro. Lá estarei eu, munido dos outros três, com nossa tradicional Komaroff, uma kanga e um gramado nas costas, para que sentemos e possamos chorar as desgraças do advindo, rir os risos do presente e fantasiarmos as glórias do por vir. Aleluia! Havemos de ser nós tanto quanto as curvas se impuserem mais ainda. E seremos lindos. E seremos tantos, tanto mais que tudo. Três, cinco, dezenas de nós mesmos mergulhados num abraço coletivo e nosso. A literatura nos conta que não resolve marcarmos o chão com migalhas de pão. Havemos, assim, de ter GPS, irmãos.

Feliz Aniversário, Tamara! 

3 comentários:

Tamara Andrade disse...

Eu chorei ao começar a ser o seu texto. Finalmente consegui extravasar uma certa depressão pré aniversário que me perturbava há dias sem realmente se materializar. Aniversário trás pra perto essa perspectiva do tempo passando, né? E o que virá depois da curva não sabemos. Mas saber que estaremos chorando nossas mágoas ou comemorando sucessos juntos, com nossas vodkas, é reconfortante. É o que verdadeiramente importa. Obrigada pelo carinho, Gui. Bjos.

a_rosa disse...

por qua traveca do cine está na montagem? rsrs
Tamara é a Rosinha, eu a Mônica com cara de irritada, Regis a Magali que come horrores e não engorda, você é tinha que ser a Marina e não o Cebolinha e Thiago é o Chico Bento só porque ele namora Tamara.

5 é um número extremamente confortável, um equilíbrio mesmo, nem de menos nem de mais. sei lá, é que a gente se completa, se faz feliz, apesar de ser sempre difícil estar tão perto de alguém.

estou no lab da uerj, e vi que você, enfim, cortou o cabelo mas nem deu tempo de comentar. rs

e o texto é bem INTERESSANTE! UAOUAOUIAO, brincando, é lindo, amego, não chorei não mas super fiquei encantada!

Anônimo disse...

Que fofis! Tamara é a Rosinha... :D

Texto lindo e homenagem merecida!

Beijooos