terça-feira, 15 de abril de 2008

Superficial





Uma amiga mutíssimo querida e especialíssima pôs no perfil do seu orkut uma linda poesia de Chico Xavier, que diz que podemos fazer tudo mais ou menos, ter uma casa mais ou menos e uma série de outras coisas, mas o que não podemos fazer é amar mais ou menos, nem viver mais ou menos. Isso faz morrer. A vida nos foi dada como um presente, algo pra que cuidemos com amor, afinal de contas nos pertence. Sei que é difícil falar em viver de verdade em tempos como este. Capitalismo, dinheiro, trabalho trabalho trabalho. Esquisito, né? Uma construção assim, sem vírgulas: "trabalho trabalho trabalho"; acontece que vírgulas representam pausas e pausa é uma coisas que não costumo ver meu pai fazer. Parar de trabalhar e descansar são coisas que não vemos sempre. Dormir é mais um processo do sistema. Não paramos pra ver os amigos que amamos, nem pra cuidar da máquina, que somos nós. "Parar pra pensar, nem pensar." (Lya Luft).



Adiamos. Adiamos a vida. Quando vamos viver? Quando realizaremos nossos sonhos? Quando vou andar pelas ruas de Londres, e tirar foto com o Rio Tâmisa no fundo? Quando vou poder postar uma foto no orkut e na legenda escrever: "Eu em frente as 95 Teses." ou "Eu na Opera House."? Quando vou parar e finalmente escrever meu livro? Quando vou viver? É casa pra arrumar, faculdade pra ir e estudar, coisas banais que vão nos assaltando o pouco de vida que temos. Sim, faculdade é banal! Mais um aparelho. Ainda bem que minha mãe não lê meu blog! Será que viverei antes ainda de virar pó? Porque virarei. Cedo ou tarde. Queira Deus que seja tarde.Terei então uma segunda chance de voltar? Seria melhor não precisar voltar, mas vivendo, assim, pela metadade fica muito difícil cumprir missões.



A gente vive assim, deixando a vida correr como água entre os dedos, mas é hora de "pegar o touro pelos chifres", né Lya (amo essa mulher)? Sair um pouquinho de dentro de casa e viver só pra ser feliz, mais nada. Tem uma comunidade no orkut: "Vou ser feliz e já volto.". Ir ali e ser feliz, viver um pouquinho que seja. Mas viver de verdade. Não essa vida de fabrica, com suas técnicas monótonas e nojentas. Faz o vidro, enche de picles, tampa o vidro e põe o rótulo. Uma hora vamos cansar, vamos explodir. Quem viu esse episódio das Meninas Super Poderosas sabe do que estou falando. Não dá pra viver essa vidinha fabricada, mas como vivo outra? Alguém me ensina. Alguém me salva! Heróis? Qual deles? O herói burguês do Vercilo que agüenta os peso das compras do mês? Não obrigado! Desses tenho dois em casa. Será que há um herói cigano, que não esteja nem aí pra essas merdas instituídas por nós mesmos. Heróis avessos ao pensamento coletivo (Não falo do Thiago), ao espírito de manada (Lya de novo), mas heróis que percam tempo pensando a vida, que percam tempo pensando no coletivo (agora, sim Thiago). Heróis que repensem o mundo, e nas questões que nós simplesmente aceitamos como verdade absolutas. Não! Basta! Ninguém, vai me prender mais! Vou queimar meu cosmo até atingir meu 8º sentido e me libertar dessa vidinha de bosta que me mandaram viver. Afinal sou um Cavaleiro de Athena!



Sabe há quanto tempo eu to afim de ir ao cinema, mas não vou? Puxa, o último filme que assiti na telona foi Harry Potter e a Ordem da Fênix em julho passado! Aff, é muito tempo. Não, é pouco tempo mesmo! A vida vai passando e a gente se esquecendo de fazer o que quer e o que relamente faz bem a alma. To cansado. To estafo. Puto com o CR. Puto com as coisas que regulam a gente. Não somos números. Não somos créditos, nem moeda. Somos seres vivos! Vivos! E não zumbis como temos sido! Chega de dançar "Triller"! Chega de passivismo. Ser passifico é uma virtude, mas passivo é uma vergonha! Quero sair da taba, já que não me elegeram a garota do fantástico, e vou mostrar minha cara já que a porra tupiniquim não se mostra! Cansaço. A correnteza nos leva para o habismo. É tranquilo, é calmo ir como todo mundo, não ser diferente é confortável, mas leva às sete quedas. Imagine o que seria de nós se Cristo tivesse sido igual. Ou Buda. Ou Tiradentes. O que seria de nós brasileiros se a Princesa Isabel fosse igual? Seriamos um país de escravos, todos nós. Não sobraria um "sinhô", nem mesmo uma "sinhá"! Não que nós brasileiros não sejamos escravos, mas essa é outra história que o Tio Sam sabe melhor que a gente. Tio esse que tá bem cansadinho também.



Vida superficial, brincamos de viver. Somos todos piscianos! Realidades alternativas o tempo todo! Lemos nos romances, vemos nos filmes e nas novelas, programamos o futuro, mas quando chega a hora do "start". Push start button! Enjoy the life! Nesse game não tem password nem memory card, não pode haver macetes e nem apelação, mas o "game over" é certo. A única certeza. Mas pra saber o que acontece nas fases é necessário dar o start, e enquanto a gente não dá, entra o jogo demo da máquina, assim jogam por nós. Isso mata. Quando vamos viver, PORRA! Quando você vai levantar desse raio de computador e fazer algo que realmente valha a pena? E quando eu vou fazer isso? Quando vamos abolir o "msn" e ir procurar o amigo, e olhar nos olhos e sorrir e beijar e abraçar e dizer o que sente com o tom da voz, com a expressão do rosto, com o brilho no olhar, com a vida sendo vivida de verdade? Mas que porra desgraçada essa! Nessas horas é que sentimos vontade de dizer aquilo que Maurício de Souza escreve assim: "§@#$%*". Mas eu escrevo assim: Puta que pariu! Caralho! Estamos fudidos condenados ao "game over", sem direito a continue e o pior, sem termos de fato jogado. Até quando você vai viver a vida que escolheram pra você viver? Até quando, meu caro?! Como cantariam meus queridíssimos Sandy e Junior: " Dançar, correr, ação total. Aproveitar o que legar, fazer o que quiser fazer. Saber viver é um dever."

"Libertas quae sera tamen". Nossa bandeira!

Ps.: Demorei tanto a postar este texto que até ja fui ao cinema.

2 comentários:

Thiago Mello disse...

Até quando , meu amigo ,vamos assistir a tentar ganhar a vida , sem saber que estamos perdendo nossos melhores momentos ?

As vezes (de dez em dez minutos) me pergunto porque estou fazendo faculdade mesmo odiando todo o ambicioso mercado do petróleo .Me sinto um inseto em volta da lâmpada , seguinto uma luz que nem mesmo está acesa .Que mundo superficial nós vivemos , talvez seja por isso que vivemos na superfície e não no manto ou no núcleo [nonsense joke detected]

Li no seu texto exatamente o que estava precisando , agora sei que não sou o único que pensa assim.

Valeu por citar meu blog , se não é pedir demais poderia incluir o link .

o blog tá de parabéns , o meu anda meio parado, mas agora vou voltar a escrever .

um abraço .

Natália Macedo disse...

Primeiro, muito obrigada, Gui!
Você também é muitíssimo querido e especial pra mim, viu?

Quanto à postagem, pra variar, ótima. Também penso assim de vez em quando. Queria REALMENTE viver a vida! Será que um dia vou conseguir?

Só pensamos nas obrigações do dia-a-dia, nos "prazos finais". Mas deixamos de pensar em nós mesmos e de fazer o que gostamos de verdade!
Não deveria ser assim, né?

Adorei você ter citado S&J! Essa música diz mesmo tudo: "Eu quero mais, mais que alegria/E o tempo todo sorrir/Eu quero mais estar de bem com a vida/Eu quero é me divertir"!!!!

É disso que eu estou precisando: DIVERSÃO. Na verdade, sempre precisei. E agora, mais ainda!

Vamos organizar um movimento contra a superficialidade da vida? Iremos parar tudo o que estivermos fazendo para fazer o que tivermos vontade! Será que isso funciona? Vai ser muito difícil, pois a tal da superficialidade já está impregnada em nossas vidas.

Beijinhos, Gui.
Escreva escreva escreva. Ou melhor, escreva, escreva, escreva.