quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eu


Este sou eu. E no meio da minha bagunça eu não quero que ninguém me defina. Eu não dou essa autoridade. Dou igaul autoridade aos que possam querer me dizer quem eu sou. Pois eu sei muito bem quem eu sou: eu sou exatamente aquilo que, no meio do infito, no meio do caos, da bagunça do mundo, eu posso entender como meu.

Apartir do que é meu eu posso ver o que sou eu. Aquilo que gosto, que amo, adoro, é o que pode deixar a minha marca no mundo. Meus prazeres são o que vai dizer que no fundo, desse baú velho de mil coisas que posso ser, há algo que só eu sou. Mesmo sabendo que para ser eu, sou obrigado a depender de você.

Nesse turbilhão de coisas: meu relógio, meus incensos, Scotland Yard, fone de ouvido, Jogo da Vida, Uno, o curativo transparente, minhas moedas, minhas cartas para quem amo, um pregador, minha Compactor 07, as músicas amadas, minha velha camisa do Flamengo, eu me vejo. Como se olhasse para um espelho e, num espelho, não vejo nada além de mim.

É bem verdade que muitos têm todas essas coisas, mas um vascaíno tem tudo, menos a camisa do Flamengo. Ou alguém que não tenha um relógio, um incenso. Tudo, no meio de quem sou é muito banal e comum a toda a massa, mas a combinação é minha e me faz mim a cada vez que me combino, que escolho as minhas escolhas. Mesmo que sejam escolhas comuns, não se farão como se fizeram antes por outras pessoas e ainda vale a máxima de Heráclito.

Um comentário:

Vicentini; Luiza. disse...

Texto perfeito. Definição do SER. De descobrir-se...