domingo, 26 de julho de 2009

A feira nossa de cada dia e secreta


“Quanto vale uma imagem.” Alguém gritou, pois queria vender uma. Quanto será que pagariam pela imagem que fizera questão de lustrar durante todo aquele tempo? Sem dúvida tinham de dar um alto preço, afinal foram anos de polimento, polidez, cuidados e construção. A quem interessar possa, vende-se uma imagem. Vende-se uma imagem que é feita de muita coisa e com muito cuidado, uma imagem projetada, sobre a qual muito pouco se conhece. Uma imagem bonita, claro, claro! Não seria diferente. Ela estampa as meninas protegidas, que não querem ver muito. Alguém pensa que com elas é capaz de estampar as protegidas de outrem, mas não é. E são muitos produtos anunciados aos berros dos feirantes nervosos, necessitados de vender suas primícias, ou mesmo o que tinha sobrado que fosse vendível. Era de vender e só. De vender se vive a vida e se ganha ela também.

O que vende mui cedo se levanta, ou tarde tarde vai dormir. Há esmero. Há trabalho. Moldar não é fácil. Produzir não é fácil. Elas andam pela orla, pelo silêncio, pela escuridão que seja, e seus saltos fazendo barulho, anunciando a mercadoria que ali, se vendia. Nós. Mulheres vendíveis. Nós outra vez. Nesse circo qual feira, a lona está lá, barraca está lá, somos nós atração, estamos lá.


Quanto há de valer a imagem? Quanto pagariam por ela. Não vale a pena saber. Não vale mesmo. A imagem não será comprada, ela será vendida em esquema de troca, cada um casa a sua e leva outras neste espetáculo que tão incansável e chiclete velho do outro dia.


Eita, aurora nova repetida e alguém volta à feira, monta seu circo e expõe o que tem. Vende barato, rebola e masca chiclete e fede a perfume de mau gosto e vagabundo. E as sobrancelhas são finas de quase não ter. Tentando vender, vender a imagem e tudo o quanto puder. Vender e vender. Vendidos. Vendentes. Venditivos. Vendedores. Prostitutas.

P.s.: Nos contorcemos pra mostrar o rosto que nos convém (acerca da foto).

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