quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lá se vai um outro Dom


De Moinhos de Ventos se fazem dragões. Do nada se faz o tudo e outra vez. Do tudo fez-se o nada e mais um pouco. Um além e alguma despedida. Café que dói no peito, tão amargo. Voz calada e seca já não diz. Preso na garganta há um bolo. Um drama; uma esperança codorniz.

Querendo ver moinho tão gigante. Os passos do Quixote que se quis, bem mais, bem muito mais e já não diz. Calado agora vê suas palavras pregadas num papel de tinta e giz. A força que continha em ser quem era, ruiu ao som do rock em tarde griz.

Austero e poderoso decidiu. A hora de a irmã vir dar as mãos. Ao além, suas aventuras, o quanto mais. De palavras que o espelho repetiu. Avante mais avante e além, o céu é o limete que se vê. Mas, eis portas abertas e avante. O céu que já rompido recebeu; Quixote com sua valsa dos moinhos, dragões que ninguém mais reconheceu. Feliz, Quixote. Tanto saltitante. Saltou em sua valsa certeira. Adeus disse ao mundo e às amantes e àquela a quem, um tanto, compreendeu.

Moeda de dois lados, do Quixote. Teatro. Drama. Show. E carmesim. Os braços feito asas tão voante, o rápido e curto voô codorniz. Romantismo e Quixote foi avante. Às letras das palavras que já leu. Gigantes levantaram-se entre sombras. Moinhos subjugam o herói.

Quixote disse aloha, lá vou eu. Jazente, já não mais me espere ver. Talvez lá no além, outra morada. Naquela que tanto desafiei.

4 comentários:

a_rosa disse...

belo poema em prosa! a história do jazente quixote que se quis eternizar tão cedo.
ai ai

Anônimo disse...

acho que eu precisava conhecer um pouquinho de d. quixote p/ ter um melhor entendimento do texto, né!?
mas a escrita é sua, como sempre! e por si só isso já é um grande elogio! :)
Sou sua fã!

Deyvid Guedes disse...

Quando eu fui dizer quea União da Ilha vinha falando de um livro de histórias infantis,quase apanhei.Ao entrar numa livraria,sua amiga letreira fez questão de pegar o livro em questão para me perguntar se uma criança leria algo do tipo.

Enfim,corro um risco enorme do meu comentário ser desprezado se você for uma pessoa que odeia carnaval e me vê comparando o seu texto com um enredo. Mas como eu sou um cara que ama carnaval, tenho a certeza que vou aprender muito de Dom Quixote assistindo ao desfile,pois de cara gostei muito do samba e gosto de me envolver com o enredo para saber o que exatamente a escola quer passar com suas alegorias.

Cultura e conhecimento de mãos dadas na festa profana!!!

Já comecei aprendendo um pouquinho com o seu texto...

Guilherme de Oliveira César disse...

Eu não odeio carnaval! Como odiaria?

O profano sagrado trazendo o Dom Quixote, ficou excelente. E, afinal de contas, "quem é que não tem um Quixote no seu coração?"
Amo a Ilha e amei o enredo, pena foi eu não ter visto tudo.

O carnaval é Dom Quixote. É loucura. Passionalidades. É o grotesco, são moinhos de ventos, são carros alegóricos.


Quixote ainda não se foi. Está vivo,o herói doente, bem dentro de nós.